A importância da literatura umbandista

Texto de Pai Caio Cassola

Salve umbandistas. O título desse texto nos arremete a pensar sobre uma dissertação de indicações sobre obras aos recém chegados adeptos da religião, ou mesmo o reforço sobre pontos teóricos e práticos dos rituais ou mesmo a disseminação de um determinado conhecimento a maioria dos médiuns praticantes. Mas não se trata disso. O intuito desse texto não é segregador. Muito pelo contrário, pois a separação e segregação por parte dos umbandistas, principalmente os mais velhos na religião, já ocorre por conta de seus próprios conceitos ou pré-conceitos sobre determinados autores, o que, em meu ponto de vista, também não agrega em nada para com o desenvolvimento e disseminar da Umbanda. Então, escrevo com o tom de alerta no sentido de abrir a visão das pessoas para o novo, para novos escritores e escritoras que se dedicam, tanto quanto qualquer outro escritor já consagrado, a trazer e disseminar conteúdo informativo e elucidativo aos praticantes da religião. Coloco isto em destaque pois o que encontramos muitas vezes em meio umbandista são pessoas adeptas de algumas vertentes da Umbanda (e sim, existem muitas vertentes na umbanda, como por exemplo a Umbanda Tradicional, Umbanda Trançada, Umbanda Omolocô, Umbandaime, Umbanda Cristã, Umbanda de Caboclo, etc.), e por conta disso, e também por não se darem a oportunidade de ler e conhecer novas obras, acabam fechando as portas de seus templos a um campo de estudos e conhecimento novo e que poderia ajudá-los em muito. Outras pessoas, cometendo o mesmo erro, tentam se manter “puristas” sobre a determinada vertente que praticam e elegem um autor como sendo o grande eleito, e levam seus livros como verdadeiras bíblias da Umbanda. O erro não está em identificar-se com um livros ou com um punhado de livros de um mesmo autor, o erro está em fechar-se e condenar ou diminuir todo o trabalho de muitos outros autores em detrimento do seu “eleito”, e a partir disso começar a disseminar entre os umbandistas as suas concepções e diminuir, ou mesmo denegrir a imagem e o trabalho de pessoas realmente esforçadas em continuar com a sedimentação da Umbanda. Nossa religião tem pouco mais de 110 anos de fundação, o que é um curto tempo em se tratando de religiões, e que muito ainda precisa ser sedimentado para não se perder e deixar de existir. A cada livro lançado que traz temas umbandistas é uma enorme conquista para todos (sim, para todos!) e um marco na história se inicia a partir de cada título. Conforme os novos livros vão se tornando mais conhecidos entre o grande público, a religião ganha mais um alicerce que a sustentará, além de esclarecer e elucidar novos adeptos que chegam a todo momento em templos umbandistas procurando estudar e conhecer mais sobre a religião. Todo autor de livros de Umbanda, sejam esses livros teóricos ou romances psicografados, se esforçam e se dedicam durante muito tempo para conseguir construir uma obra. São messes e mais messes escrevendo, revisando e corrigindo o conteúdo para que esteja pronto no lançamento, e assim cheguem ao maior número de pessoas possíveis. Desmerecer a obra de um autor, qualificando-a como errada, falsa ou que não se encaixa no meio umbandista por qualquer motivo é, em primeiro lugar, uma falta de respeito para com o esforço e dedicação alheio, além de um ato de pura ignorância e pré-conceito. Devemos colocar diferenças de lado e priorizar a religião de Umbanda, isso por parte de todos os umbandistas. Sofremos diariamente com falácias e ataques de pessoas que condenam nossa religiosidade sem ao menos conhecer um pouco da realidade vivida pelos médiuns nos terreiros, e por isso a Umbanda não precisa de mais divisão, ainda mais partindo de dentro, entre os religiosos, querendo se classificar ou mesmo classificar os outros como melhores ou piores tendo como base de argumento os livros publicados de um ou outro autor. Lembrem-se que cada um que semeia a discórdia e a separação, sempre colherá o mesmo que plantou. Assim também como aqueles que se esforçam para tentar semear na Umbanda uma fonte de novos conhecimentos, estará sedimentando mais e mais a Umbanda, para que assim ela perdure até o fim dos tempos como foi dito pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas na função da Umbanda. Um abraço fraterno. Pai Caio Cassola.